Vida morna

Eu não nasci para nada de morno.
Sim, meu café com leite eu tomo morno. Só isso.
Meu banho é quente, meu coração é quente, meu sangue é quente.
E com certeza minha vida pode ser gelada, quente, colorida, preto e branco, doce, salgada, amarga as vezes, mas morna...por favor, não.
Se eu tive que ficar estacionada por um tempo, não foi escolha. E de qualquer jeito não fiquei parada. Nada acontece por acaso e muita coisa aconteceu neste tempo em que não foi como e onde queria ser. Foi útil. Ensinou.
passei por momentos que nunca teria pensado em passar, no bem e no mal. Vivi emoções, situações e nada foi "quase".

Como sabemos, tinha algo a resolver neste lugar.
E como digo eu, "se não tivesse isso não teria aquilo", cada detalhe é conseqüência de outro e causa de outro ainda.

Esta poesia de Luis Fernando Veríssimo, "Quase" me faz sempre pensar muito. 

Serve para fazer uma analise, em varios momentos da vida.
Vamos ver desta vez....

Ainda pior que a convicção do não,
é a incerteza do talvez,
é a desilusão de um quase!

Isso foi o que eu senti neste tempo todo, nos muitos momentos de baixo astral...medo, incerteza, desilusão. Quase tinha conseguido..ser feliz. Quase deu certo. 

É o quase que me incomoda,
que me entristece,
que me mata trazendo tudo
que poderia ter sido e não foi.

Tudo que poderia ter sido e não foi. E' o resumo desta temporada que se foi...

Quem quase ganhou ainda joga,

aii se joga...nunca vou parar de jogar, graças a Deus! Até ter força, não vou parar.

quem quase passou ainda estuda,

Estudar. Sempre, muito, nunca parar. Estudar tudo. Procurar. Caminhar.

quem quase amou não amou.

Eu nunca quase amo. Eu amo raramente, mas amo demais, exageradamente. Pode ser por um instante, mas nunca é quase.

Basta pensar nas oportunidades
que escaparam pelos dedos,

muitas, mas será que eram boas oportunidades? ou será que foi melhor assim?
nada acontece por acaso...

nas chances que se perdem por medo,

o medo paralisa, isso concordo em pleno; por medo deixamos de viver, de escolher...

nas idéias que nunca sairão do papel
por essa maldita mania de viver no outono.

Não tenho esta mania, pelo menos essa não. Mas nasci no outono, e acho que tem maravilhosas cores, e uma luz que só ele. Temperatura ideal...temos 4 estações, cada uma tem seu fascino. E lembra..nada acontece por acaso.

Pergunto-me, às vezes,
o que nos leva a escolher uma vida morna.

Não sei o que leva os outros a viver uma vida morna.
Como já disse, de morno eu tomo só o café com leite.

A resposta eu sei de cor,
está estampada na distância
e na frieza dos sorrisos,
na frouxidão dos abraços,
na indiferença dos "bom dia",
quase que sussurrados.

Verdade. Mas nos podemos escolher isso tudo.
Eu vivi e vivo a "distancia" dos que mais amo. E ela só fortaleceu os sentimentos.
Melhorou os relacionamentos. Nunca teria imaginado por exemplo, quando minha filha foi longe, o quanto ela seria mais "perto" de mim. Necessidade cria virtude.
Aprendi o valor de um abraço, e quando abraço dou e recebo. E como faz bem.

Sobra covardia e falta coragem
até para ser feliz.

Isso é. Precisa ter muita coragem para querer ser feliz. Olha só...eu tomei a coragem de emigrar para correr atrás da minha felicidade. E fiz isso quando a vida me ensinou que não temos tempo para covardia.

A paixão queima,
o amor enlouquece,
o desejo trai.

Ah..se sei disso. Já me queimei bastante. Louca já sou, e o amor só piora o estado.
Quanto ao desejo, me traiu bastante mas aprendi a me vingar! kkkk

Talvez esses fossem bons motivos
para decidir entre a alegria e a dor.
Mas não são.

Claro que são! A gente sempre pode escolher. As vezes, quando não consegue é porque está mal, e aí que precisa de ajuda. Por isso, a primeira e mais importante escolha é ter alguém perto de nos, para nos dar aquela cutucada na hora da fraqueza. Escolha as pessoas certas para sua vida, e já está se afastando da dor e estará em caminho para a alegria constante.

Se a virtude estivesse mesmo no meio-termo,
o mar não teria ondas,
os dias seriam nublados
e o arco-íris em tons de cinza.

Meio termo também não é pra mim. O preto ou branco. Amor ou indiferença. Ódio não, que é um sentimento, aprendi a economizar energia pra amar. Ainda não cheguei a amar todo mundo e o inimigo também, mas estou me esforçando na direção. Sim ou não.
Mas como é difícil não ter duvidas.

O nada não ilumina,
não inspira,
não aflige nem acalma,
apenas amplia o vazio
que cada um traz dentro de si.

Eu não sinto mas aquele vazio, eu sinto uma panela fervendo, um monte de coisas, mil motivos pra viver, mil coisas que queria fazer, o dia é curto, não consigo ler todos os livros que queria, ir em todos os lugares que gostaria, conhecer todas as pessoas que poderia.
Que vazio? Estou conversando com a minha alma, com Deus, com meus amigos, tenho uma filha maravilhosa, estou viva...que vazio? Me proíbo em sentir aquele vazio, vazio temos que encher.

Preferir a derrota prévia
à dúvida da vitória
é desperdiçar a oportunidade de merecer.

Ah não! Não vou desperdiçar nada: eu mereço, mereço mesmo. Eu tenho a certeza da vitória, pois eu CONFIO.

Para os erros há perdão,
para os fracassos, chance,
para os amores impossíveis, tempo.

Exatamente! Perdoei meus erros, e os dos outros também;
nunca desisto, se fracassei ontem, amanha vai ser diferente. E aprendi algo.
Os amores impossíveis: o tempo vai mostrar se valem a pena. Muitas vezes não. E o tempo vai trazer algo muito melhor. (BOM...tempo...olha lá..que já estou "QUASE" velha!!! hahahaha)

De nada adianta cercar um coração vazio
ou economizar alma.
Um romance cujo fim
é instantâneo ou indolor não é romance.

Tem que doer? Pode ser, mas tem vários tipos de anestesias possíveis. Pergunta pra os amigos de fé, camaradas...que te podem ajudar.

Não deixe que a saudade sufoque,
que a rotina acomode,
que o medo impeça de tentar. 

A saudade tempera, a rotina tem seu lado bom também, se acompanhada de sabedoria e pimenta, e o medo não tenho.

Desconfie do destino e acredite em você.
Gaste mais horas realizando que sonhando...
Fazendo que planejando...
Vivendo que esperando... 

Acredito em mim, isso sim; acredito em Deus, e no poder que Ele já nos deu desde o começo: o PODER DE CRIAR NOSSAS VIDAS. Mas é mesmo sonhando e pensando que criamos.
Nunca vou parar de sonhar, pensar e visualizar o que desejo para mim.

Porque,
embora quem quase morre esteja vivo,quem quase vive já morreu.